O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) trata-se de um
conjunto de ferramentas tecnológicas que objetivam a informatização da
relação entre o fisco e os contribuintes. Instituído pelo Decreto nº
6.022/2007, ele faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
do Governo Federal.
Seu início foi marcado pelos projetos de Escrituração Contábil
Digital, Escrituração Fiscal Digital, Nota Fiscal Eletrônica e EFD-Contribuições (antigo PIS-COFINS), e, recentemente, em 17 de Julho
de 2013, a Receita Federal anunciou uma novidade, o e-Social, que tem
por objetivo a informatização centralizada de todos os dados das áreas
Trabalhista e Previdenciária pelo empregador, em relação aos seus
empregados.
Desde o começo do projeto, o e-Social gerou muita ansiedade e chamou a
atenção por sua complexidade cultural e organizacional, que é a maior
de todos os projetos do SPED, prometendo grande impacto no ambiente
corporativo e na sociedade.
Em geral, o e-Social transporta para o ambiente digital diversas
obrigações que já são cumpridas pelas empresas atualmente, como os
créditos pagos aos funcionários, as informações previdenciárias, os
dados relacionados às retenções de IR, etc. Mas existem novas
informações cadastrais sobre os colaboradores que passarão a ser
obrigatórias, como, por exemplo, a comunicação dos eventos (ocorrências)
de Atestados de Saúde Ocupacional, início e término dos períodos de
Estabilidade Provisória, Aviso Prévio, e várias outras.
Em função dos prazos para enviar estes eventos para a Receita Federal
se torna difícil, senão impossível, o hábito de 'dar um jeitinho' nas
coisas, exigindo mais planejamento e profissionalismo por parte das
organizações. O e-Social marca então uma nova era das relações de
trabalho e subestimar seu impacto social é uma demonstração de
amadorismo.
Antes da publicação do e-Social, muito se falava sobre a necessidade
de as empresas se prepararem para a novidade, mas como a Receita Federal
do Brasil ainda não havia comunicado seu conteúdo, havia dúvidas de
como fazer essa preparação. Com a publicação do layout em Julho de 2013 –
decretando o mês de Janeiro de 2014 como prazo final para que as
empresas se adequassem, que depois foi postergado para Abril de 2014,
deu-se início a uma grande busca do mercado por tecnologias que
viabilizassem essa adoção.
As organizações, principalmente as de pequeno e médio porte, que
muitas vezes não possuem uma equipe interna de RH e que necessitam
enviar suas ocorrências de pessoal (Admissões, Aviso Prévio, Férias,
etc.) para seus escritórios de contabilidade, têm pela frente um grande
desafio. Por isso, é fundamental que essas empresas possam contar com a
tecnologia como uma aliada para auxiliar no cumprimento do e-Social.
Diante deste panorama, as fornecedoras de software têm um grande
desafio para adequar suas soluções de modo a atender a essas demandas.
Para cumprir com as exigências de forma eficiente, é ideal que as
empresas de soluções de gestão empresarial tenham uma equipe completa
dedicada inteiramente ao projeto, para desenvolver processos de rotina
que permitirão gerar os arquivos e-Social.
Acho que muitas empresas ainda não compreenderam a exata dimensão das
mudanças que estão por vir e que afetarão profundamente a área de
Recursos Humanos. Mas, a tendência é que no médio e longo prazo, haverá
um panorama mais padronizado e desburocratizado para todos os processos
da área trabalhista e previdenciária, o que será melhor para toda a
sociedade.
Fonte: artigo de Ricardo Knychala Segger, especialista em Recursos Humanos e gerente de Produtos de RH na Sankhya.